Ter uma empresa não faz de ninguém um empresário
Em Portugal, o tecido empresarial é composto, maioritariamente, por micro e pequenas empresas. Neste contexto, há uma realidade que merece ser discutida: ter uma empresa não é o mesmo que ser empresário. Este é um ponto delicado, mas elementar para entender as dificuldades de crescimento e sustentabilidade que enfrentamos.
Muitos veem o ato de abrir uma empresa como uma meta, quando deveria ser apenas o início de um percurso. A diferença reside na mentalidade: um empresário pensa em estratégia, inovação e sustentabilidade; quem apenas “tem uma empresa” vê-a como uma obrigação ou um emprego disfarçado, sem uma visão clara para o futuro.
Ser empresário exige capacidade de liderança, de tomada de risco e, acima de tudo, de reinvenção constante. É saber transformar desafios em oportunidades, antecipar mudanças no mercado e estar preparado para decisões difíceis. Por outro lado, gerir uma empresa apenas como um meio de subsistência é um caminho perigoso, porque fica refém do presente e alheio ao futuro.
Portugal precisa de mais empresários e menos “donos de empresas”. É urgente investir em formação, em apoio à gestão e em incentivos à profissionalização das lideranças. Sem uma cultura empresarial sólida, continuaremos a ver negócios a nascer sem alma e a morrer sem impacto.
No fim do dia, ser empresário é sobre criar valor, não apenas para si, mas para os colaboradores, para os clientes e para a economia. É tempo de refletir: está a gerir um negócio ou a construir um legado?