Com tecnologia, start-ups ocupam o papel do ‘organizador de casamento’
Elizabeth Lippman/The New York Times | ||
Kellee Khalil em floricultura de Los Angeles que é parceira de seu site |
Planejar um casamento, em geral, é trabalho realizado do jeito tradicional, feito durante meses, que requer a avaliação de uma série de detalhes e custos sobre locais, serviços e produtos.
É um mercado repleto de pequenas empresas locais, que não usam muita tecnologia e sobrevivem por meio de recomendações pessoais.
Agora, porém, diversas start-ups estão tentando reduzir essa sobrecarga de informações ao explorar novas tecnologias. O objetivo é abocanhar uma fatia de um mercado multibilionário.
No ano passado, o gasto médio de um casal com uma cerimônia de casamento no Estados Unidos foi de US$ 26,5 mil (cerca de R$ 89 mil), de acordo com o “Wedding Report”, boletim do setor.
Fatores como esse levaram Kellee Khalil, que trabalhou em finanças, a entrar no negócio com a start-up Lover.ly.
“As pessoas não sabem quanto as coisas custam ou se um fornecedor estará disponível, tudo é dinâmico”, afirma Khalil. A primeira versão da start-up era um site com conteúdo editorial, acrescido de comércio eletrônico.
No entanto, ela descobriu que os casais não entravam no site para comprar, mas para pedir ajuda.
Isso a levou a mudar o negócio para uma plataforma que reproduz duas das principais tarefas de um organizador de casamentos: ajudar na preparação de um orçamento e sugerir prestadores de serviços. Khalil começou investindo US$ 75 mil e depois arrecadou US$ 7 milhões junto a investidores.
A Lover.ly é uma das numerosas start-ups que usam a tecnologia para facilitar o planejamento -hoje, apenas 18% ainda contratam um organizador de casamentos.
Essas empresas trabalham com sugestões personalizadas. Formatos como mensagens de texto e chats, que se tornaram parte integrante da comunicação, foram adaptados ao planejamento.
O serviço atraiu usuários como Heather Marie e Aniekan Udo, que moram em Nova York e planejam se casar na Toscana (Itália), em junho. Marie gostou da eficiência que o aplicativo oferece. “O tempo necessário para pesquisar os diferentes fornecedores ocuparia todos os finais de semana da minha vida até o casamento”, conta Marie, que se impressionou com as sugestões do Lover.ly.
Outras start-ups veem oportunidades de usar mensagens de texto e chats on-line. O app LadyMarry entrou em operação em 2015, e serve como exemplo. A proprietária Joanne Jiang conta que a empresa já foi usada para planejar 90 mil casamentos.
O aplicativo é gratuito para os casais e cobra uma comissão entre 15% e 45% do preço dos fornecedores e prestadores de serviços contratados, a depender da localização e da natureza do serviço.
O LadyMarry tem apenas seis funcionários em período integral, além de consultores.
Embora esteja ciente de que sua empresa é só uma companhia em uma multidão, Jiang vê espaço para crescimento. “Temos uma oportunidade enorme. Podemos nos tornar uma grande empresa no segmento de prestação de serviços”.
Algumas start-ups do ramo estão se inspirando em outros setores. Melissa Wilmot, fundadora do WedBrilliant, tomou como modelo os sites de solicitação de serviços nos quais o interessado anuncia o que deseja e espera que os prestadores lhe encaminhem orçamentos.
Wilmot lembra que a ideia surgiu quando ela enfrentou dificuldades para obter orçamentos justamente para seu casamento, que aconteceria fora do Estado.
“O que propomos é dar ao pessoal uma ideia de qual é a situação do mercado para um determinado serviço”, afirma.
E o mercado é certamente movimentado, especialmente para os casamentos de maior custo -que respondem por 15% do total, mas representam 60% do faturamento do setor, contabiliza Jess Levin Conroy, fundadora do Carats & Cake.
O serviço sediado em Nova York se especializou em planejar casórios de grande orçamento.
O site não cobra nada para os casais que o empregam, e seu faturamento vem dos honorários pagos pelos prestadores de serviços por tarefas como processamento de pagamentos, já que muitos desses fornecedores continuam a operar apenas com dinheiro ou cheque.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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CASAMENTO ORGANIZADO
Empresas especializadas vivem bom momento nos EUA
US$ 58 bi
movimentou o setor de casamentos nos EUA em 2016
60%
do faturamento do setor vem das cerimônias 15% mais caras
3,2%
é a taxa média de crescimento da área entre 2011 e 2016
319 mil
empresas operam neste segmento nos EUA
Fonte: IBISWorld, consultoria de pesquisa de mercado norte-americana