Um projeto de mestrado desenvolvido na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP criou dois substratos para telhados verdes: o primeiro à base de bagaço de cana-de-açúcar, e o segundo com fibras de coco verde.
Instalados em coberturas de residências e edifícios, os telhados verdes permitem a implantação de solo e vegetação em uma camada impermeabilizada sobre as construções. Os principais benefícios gerados são: diminuição da poluição ambiental, redução das ilhas de calor nos centros urbanos e redução do nível de ruídos dentro da casa.
Além disso, o telhado verde pode servir para captação de água da chuva. As plantas e a terra se tornam filtros naturais e com o uso de um sistema de armazenamento, a água pode ser utilizada no para descarga e limpeza de áreas externas, por exemplo.
O estudo foi desenvolvido pela bióloga Milla Araújo de Almeida sob orientação da professora Renata Colombo entre 2015 e 2018. Cabe ressaltar que durante os primeiros 18 meses de trabalho, Milla não recebeu nenhum tipo de auxílio financeiro. Já nos os 18 meses finais, foi cedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) uma bolsa de mestrado.
A pesquisa utilizou a cana-de-açúcar e o coco verde como bases de novos substratos para telhados verdes. A escolha dos materiais não foi por acaso. Tanto o coco como a cana são comuns no Brasil e ambos não possuem destino sustentável pós uso primário. O bagaço de cana-de-açúcar, por exemplo, é utilizado para uso energético (queima).
Os materiais passaram por processos de desfibramento e desinfecção e tiveram que se tornar substâncias inertes, ou seja, foram tratados para não reagir quimicamente com qualquer substância. Assim, evita-se que o produto final se torne agressivo para o solo e para a planta.
A pesquisa testou três composições diferentes para o substrato de cana e três para o de coco. Para cada um dos materiais, foi escolhido a composição que melhor absorvia a água da chuva e a com menor peso.
Os resultados obtidos valeram o esforço da pesquisadora: todas as análises (faixa nutricional e o PH dos materiais e o desenvolvimento da grama, além do peso da estrutura) indicaram que os substratos de bagaço de cana-de-açúcar e fibra de coco verde foram iguais ou superiores ao substrato controle (um substrato já disponível no mercado).
Com informações: Jornal da USP