- por Matheus Pereira
Assim como os elementos arquitetônicos que compõe e conformam o espaço construído – piso, paredes e teto, os elementos vegetais também são capazes de conformar espaços livres em áreas de grande, média e pequena escala, de parques a jardins residenciais, atuando como estruturadores espaciais. Segundo Benedito Abbud, “O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano. Enquanto a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao somar as mais diversas e completas experiências perceptivas. Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel”. [1]
De maneira prática, faremos alguns posts mostrando a conceituação e utilização dos componentes vegetais – árvores, arbustos, grama e forrações nos espaços livres. Neste artigo abordaremos os planos, maciços vegetais e a disposição de árvores.
Planos
Assim como os elementos construtivos, vegetações são capazes de propiciar condicionantes equivalentes. Árvores podem ser associadas a pilares e suas copas às coberturas; arbustos tendem a estabelecer a função de guarda-corpo; diferentes tipos de grama e forrações como delimitação de pisos, etc., ou seja, tendem a criar planos horizontais (piso e cobertura) e verticais (paredes).
Clareiras e maciços vegetais
Junto aos maciços vegetais, responsáveis por garantir sombra e barreiras a possíveis inconvenientes do ambiente, é essencial a disposição de áreas livres, tecnicamente intituladas de clareiras. São nesses espaços onde são desenvolvidas as atividades pelos usuários (jogos, prática de esportes, piqueniques, entre outros).
É notório que dada conformação pode assegurar problemas térmicos pela incidência solar. Porém, algumas soluções podem ser adotadas, como o emprego de áreas molhadas (pequenos lagos ou espelhos d’água) ou ainda, conformar os maciços vegetais considerando a predominância dos ventos, de modo a intensificar o cruzamento destes.
Alinhamento e disposição das árvores
Um dos pontos-chave dos projetos paisagísticos diz respeito à disposição dos elementos vegetais, sobretudo as árvores, e a criação de áreas destinadas a diferentes atividades. Apresentemos a seguir alguns modelos padrões.
Se empregadas linearmente, árvores de mesma altura ou espécie tendem a criar planos verticais, assim como uma sucessão de pilares ou também como paredes. Porém, caso se opte por espécies com copas maiores, esta conformação permitirá planos de teto pela organização regrada. O uso de mais de um tipo de espécie ou árvores de alturas diferentes, tende a criar variações na percepção do espaço e quebra à possível monotonia ou linearidade do olhar.
Se posicionadas triangularmente, indica-se a implantação de modo a criar um triangulo com 60 graus de vértice. Esta conformação permite rigor, mas também propicia maiores barreiras visuais laterais pela massa dos troncos e copas, muito utilizada no perímetro de parques urbanos, deflagrando uma barreira acústica natural.
Curvaturas e a criação de linhas serpenteadas pela disposição de cada uma das árvores em conjunto tende a criar a ideia de movimento. Este modelo é frequentemente utilizado nas bordas de superfícies hídricas ou na criação de áreas de interesse.
O alinhamento em zigue zague segue os princípios do modelo triangulado, disposto num ângulo de 60 graus, porém, transmite a ideia de movimento e cria núcleos onde podem ser dispostos mobiliários e equipamento dedicados à prática de atividades e convívio.
Atente-se a nunca dispor as árvores aleatoriamente, pois poderá acarretar problemas durante as obras e ainda, na intenção final do projeto. Maciços também devem seguir um controle quanto à disposição de cada um dos troncos.
No próximo artigo dessa série abordaremos a conformação de marcos visuais e eixos; e as distintas escalas de projeto.
Notas:
[1] ABBUD, 2006, p.15
Referências Bibliográficas
ABBUD, Benedito. Criando Paisagens – guia de Trabalho em Arquitetura paisagística. São Paulo: Editora Senac, 2006.Guarde este artigo
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