HOLAMBRA – A Conquista – Parte 8

A Produção

Entre as atividades de produção, a diversificação de produtos foi necessária. Os sítios dividiam a produção de aves ou gado, juntamente com a plantação de citrus, café e os cultivos anuais.

A união entre os holandeses e brasileiros, resultou rapidamente em trocas de experiências. Já as habilidades de tratoristas, aprenderam na prática, mesmo algumas vezes causando acidentes, como capotar o trator no brejo ou ‘ perdendo’ passageiros pelo caminho. Foi o caso do Sr. José Vitor Marcelino que, ao transportar caixas de laranja, em alguma curva perdeu o Sr. Wim Miltenburg (foto). Segundo o Sr. José, ao chegar no barracão, deu por falta do patrão… “Eu estava com pressa e acho que fiz as curvas muito fechadas. Procurei o patrão e não encontrei. Ele deve ter caído numa curva, mas logo chegou a pé, com o tamanco de madeira quebrado na mão, limpando a poeira e muito bravo comigo!” comentou.

A produção leiteira com o gado trazido do outro lado do oceano, com a intensão de produzir derivados como manteiga, acabou não dando certo. O gado além do estresse da longa viagem, não se adaptou ao clima e a várias doenças. O Sr. Piet Wagemaker que havia emigrado para fabricar os derivados, acabou tendo que mudar seus planos e assumiu então, o Bar do Boon (foto). Com o passar dos anos, fez do bar uma mercearia e marcou a lembrança das crianças com os doces que lá vendia. No entanto, o gado de raça holandesa, voltou a ocupar os pastos da fazenda, pois os pioneiros não mantinham em seu dicionário, a palavra ‘desistir’!

Com a construção de granjas, aves poedeiras e para corte foram criadas. Entre as granjas, ou se fazia um cultivo anual como soja ou milho, ou pés de laranja e limão aproveitavam o espaço.

Em pouco tempo, mas após muito trabalho, o nome Holambra cresceu muito rapidamente e os produtos cultivados pelos imigrantes, alcançou o mercado estadual e nacional. Acompanhando este crescimento, foram construídos um escritório de administração, um abatedouro de frangos, uma fábrica de ração, uma ovaria, um packing house para citrus, uma central de distribuição de flores, incubadora de pintainhos e muito mais.

As produção de flores teve a sua introdução timidamente em 1949, com bem pequena escala de flores, entre eles a ‘palma de Santa Rita’, trazidas pelo Sr. Welle, o ‘Calça Curta’. Reconhecido como horticultor e floricultor, o governo holandês deu ao Welle a incumbência oficialmente, de vir em 1948, trazendo em sua bagagem as sementes holandesas de flores (lista em foto) para experimento de cultivo em terras brasileiras, além de sementes de hortaliças, para servirem de alimento às famílias que chegariam a partir de 1949. Na urgência de fazer o alimento com as hortaliças, canteiros foram preparados, mas não havia água encanada para a irrigação. Então Welle teve que improvisar e ao descobrir que o bambu, planta inexistente na Holanda, era oco, fez dele os canos para a transposição da água. Ainda assim, as hortaliças cultivadas não foram o suficiente para acompanhar as dezenas de famílias chegando na fazenda. Então, para complementar a alimentação, o feijão brasileiro veio ao prato dos holandeses, sem o alho, sem temperos. Não sendo saboroso, cada um adicionava ou mamão, ou açúcar, para ser mais atrativo.

A pequena produção de flores do Calça Curta, alcançou o mercado regional e algumas vendas em São Paulo, mas foi utilizado principalmente durante anos, para as decorações de festas, buques das noivas e até nas coroas funerárias. Estes arranjos também eram confeccionados pelo próprio Welle. Mas somente no final dos anos 1950 e quando já liberado a imigração com papel moeda, a produção aumentou em grande número, alcançando melhor o mercado estadual e logo em seguida o mercado nacional.

Na esperança de divulgar os produtos ‘ Holambra’ , principalmente as flores e plantas, a Cooperativa em 1981, promoveu a primeira Expoflora. Obtendo sucesso, o evento tornou-se anual, crescendo ano a ano, em espaço e público. Hoje considerada na área de eventos, a maior Festa das Flores da América Latina e a maior festa holandesa no Brasil.

Para acompanhar o desenvolvimento no setor de flores e plantas, os produtores aderiram à tecnologia e modernidade, inaugurando em 1991 o sistema de leilão ‘ Veiling’. Em consequência também, no ano seguinte surgiu outro novo evento, a Enflor, um encontro nacional de floristas, com a intenção de integrar produtores com o mercado.

Em 1993 surgiu a Hortitec, uma exposição técnica para a horticultura. A idéia inicial surgiu com a necessidade de mostrar aos profissionais envolvidos no setor, as mais diferentes novidades e tendências no ramo da horticultura, das culturas intensivas e do cultivo em estufas. A Hortitec, como a Expoflora e Enflor, também se tornou uma feira anual em âmbito nacional, atingindo a um público variado de produtores, agrônomos, estudantes, pesquisadores e turistas. Nos anos de hoje, a cidade de Holambra atrai diariamente um grande numero de visitantes.

Na próxima terça feira 27/10, a Parte 9 – “Se tornando cidade” – Até lá, mas deixe aqui seu comentário!

Pesquisa e texto : Catharine Welle Sitta

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