Por nossas próprias experiências, já sabemos que o contato com a natureza recarrega as energias. Agora, a ciência aparece para tornar a máxima irrefutável. Uma pesquisa coordenada por Eliseth Leão, pesquisadora do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein demonstra que a proximidade ao verde, mesmo por meio de fotos, ajuda a melhorar o humor e pode até reduzir estresse e depressão.
A pesquisa foi dividida duas em fases, sendo que, na primeira, mais de 28 mil avaliações de imagens da natureza estavam ligadas ao bem-estar. A ampla variedade foi dada para avaliar se os sentimentos entre os humanos são os mesmos quando olhamos para o mar, para uma flor ou até para um pássaro.
Apesar das sensações diferentes, os benefícios aparecem em todas. “Cada elemento da natureza tem potenciais diferentes. Alguns produzem sensação de beleza e outros de paz”, resume Eliseth.
Já na segunda fase, uma avaliação com indivíduos enfermos estuda os efeitos visuais benevolentes da fauna e flora. Dentre os frutos colhidos pela pesquisa, se destaca a elaboração de um vídeo apresentado para pacientes submetidos a sessões de quimioterapia.
Após assistir ao vídeo, 78 pessoas participantes demonstraram maior ânimo ao receber o medicamento. “Já foi possível notar que os aspectos negativos de preocupação e ansiedade são inibidos, e os positivos, de tranquilidade, são aumentados. Espero que esta tendência seja mantida com o final do tratamento dos dados”, destaca a pesquisadora que, junto ao médico patologista Paulo Saldiva.
“Aos termos contato com a natureza percebemos que há uma afinidade com ela, algo que enxergamos, pois foi imprintado em nosso genoma por milhares de anos de evolução”, afirma o médico.
Os efeitos bons não aparecem apenas para indivíduos estressados ou doentes, uma vez que ajudam no desenvolvimento cerebral das crianças e na melhoria da imunidade, segundo dados da Universidade de Barcelona, que serão apresentados pelo patologista no evento.
O especialista participará das conversas de forma remota, mas apresentará importantes informações que relacionam a natureza – ou a falta dela – com a propagação de doenças infecciosas, transmitidas por micro-organismos e causadas por agentes externos, e de doenças crônico-degenerativas, produto do envelhecimento precoce de estruturas vitais do corpo.
“A exploração irrefreada do solo urbano e a grilagem de terra, legalizada por decisões políticas inconsequentes ao longo dos anos, fizeram com que pessoas tivessem contato com mosquitos que normalmente só circulam no ambiente silvestre. Existem vários exemplos de doenças que sofreram o processo de exportação de ambientes silvestres para o contato nas cidades”, detalha.