Por que a jardinagem faz bem para a sua saúde
- André Cabette Fábio
13 Abr 2016
(atualizado 13/Abr 19h34)
A terapia horticultural defende que prática ajuda a restaurar a saúde física e mental daqueles que trabalham a terra e assistem ao crescimento das plantas
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A jardinagem não é boa apenas para as plantas – mas beneficia também quem cuida delas. Colher ervas daninhas, adubar e podar melhora a saúde física e mental de quem faz isso. Tanto é que a prática é utilizada em terapias e tratamento de pacientes de câncer.
A terapia horticultural defende que a jardinagem “ajuda a restaurar a saúde física e mental daqueles que trabalham a terra e assistem às sementes crescendo”, segundo definição da obra “Horticulture as Therapy, Principles and Practice” (“Horticultura como Terapia, Princípios e Prática”, em uma tradução livre).
FOTO: CAMP ASCCA/CREATIVE COMMONS
SEGUNDO MÉDICA AMERICANA, REALIZAR ATIVIDADES FÍSICAS MODERADAS AJUDA A DIMINUIR O IMPACTO DE EFEITOS COLATERAIS DO CÂNCER E SEU TRATAMENTO
Em seu prefácio, o trabalho defende que os primeiros registros de jardins utilizados como terapia vêm do Egito antigo, quando médicos da Corte prescreviam caminhadas em jardins do palácio para membros da realeza que estivessem mentalmente perturbados. Na virada do século 18 para o 19, clínicas dos EUA, Inglaterra e Espanha passaram a incorporar a relação entre humanos e plantas como forma de tratamento.
Por que trabalhar com plantas impacta a saúde
É UMA ATIVIDADE FÍSICA
Em 2011, Denmark-Whahnefried, um pesquisador da Universidade do Alabama, nos EUA, desenvolveu o programa Harvest for Health (“colheita pela saúde”, em uma tradução livre). Através dele, 12 pessoas que haviam sobrevivido ao câncer receberam apoio de especialistas para manter jardins em seus quintais. A assistência cobria o planejamento do que plantar, além de irrigação e controle de pragas. Todos apresentaram aumento de força, agilidade e resistência.
“Há tempo demais, pacientes, amigos, família e profissionais da saúde acreditaram que ‘descansar é sempre o melhor’. Mas realizar atividades físicas moderadas como a jardinagem ajuda a diminuir significantemente o impacto de efeitos colaterais do câncer e seu tratamento, como depressão, cansaço, osteoporose, atrofia muscular e problemas cardiovasculares de longo prazo.”
Jane Maher
Oncologista, em entrevista ao “Journal of the National Cancer Institute”
PRÁTICA OCORRE EM ÁREAS VERDES
Um estudo publicado em 2005 no “International Journal of Environmental Health Research” afirma que o efeito de se exercitar em áreas verdes é significativamente melhor do que o de se exercitar em áreas não verdes. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram com que 100 pessoas divididas em cinco grupos corressem em uma esteira enquanto assistiam a cenas com ambientes rurais e urbanos marcados pelo verde e os mesmos cenários, porém já degradados. Depois disso, foram medidos através de testes psicológicos e médicos a pressão, a autoestima e o humor dos participantes.
O grupo que apenas se exercitou tinha a pressão sanguínea reduzida, o humor e a autoestima melhorados. Os grupos que se exercitavam observando ambientes verdes na cidade e no campo se beneficiavam de efeitos consideravelmente maiores sobre autoestima e humor do que esse primeiro grupo. E quem se exercitava em ambientes deteriorados tinha uma piora dos indicadores comparados com o grupo que apenas se exercitava.
HÁ INFLUÊNCIA NA ALIMENTAÇÃO
Dentro do programa Harvest for Health, os pesquisadores tinham como foco inicial da pesquisa era descobrir se os participantes melhorariam suas dietas com o consumo de vegetais frescos. Isso aconteceu: depois de um ano, 40% deles estavam comendo pelo menos uma porção de frutas e vegetais por dia.
O CONTATO COM A TERRA PRODUZ SEROTONINA
Para a maioria das pessoas, não é grande surpresa que estímulo e exercício trazem mais felicidade. Um estudo da Universidade de Bristol aponta, no entanto, para a possível relação entre felicidade e bactérias que vivem no solo. Ratos expostos à Mycobacterium vaccae, presente na terra, apresentaram níveis maiores de serotonina no sangue. Os estudos com humanos ainda não são conclusivos, mas apontam para um resultado parecido.